terça-feira, 12 de março de 2013

Vaticano emite fumaça preta e segue sem Papa

Cardeais reunidos na Capela Sistina não chegaram a um consenso sobre o novo Pontífice

     Os 115 cardeais reunidos na Capela Sistina para a escolha do novo Papa não chegaram a um acordo. A chaminé do Vaticano emitiu a fumaça preta na tarde desta terça-feira, às 15h41min (horário de Brasília), o que indica que, após a primeira votação, não houve dois terços dos votos para o mesmo nome. Com isso, o conclave prossegue nesta quarta-feira, com duas votações pela manhã e outras duas à tarde. 

     Os milhares de fiéis que estavam na Praça São Pedro, sob a chuva, à espera de um sinal sobre o novo Pontífice, deixaram o local após a indicação do final dos trabalho nesta terça-feira. A fumaça escura que saiu da pequena chaminé de cobre foi recebida com gritos de decepção no local. 

Missa pede unidade da Igreja

     Milhares de fiéis dos cinco continentes acompanharam a missa solene "Pro Eligendo Pontifice" na basílica de São Pedro, presidida pelo decano do colégio cardinalício Angelo Sodano, na presencia dos 115 cardeais eleitores antes da reunião de escolha do 266º Sumo Pontífice. Em sua homilia, Sodano incentivou os cardeais a "colaborar para edificar a unidade da Igreja" e a "cooperar com o sucessor de Pedro". "Todos nós temos que colaborar para edificar a unidade da Igreja", afirmou, durante a homilia.

     "Estamos convocados a cooperar com o Sucessor de Pedro, fundamento visível de tal unidade eclesiástica", afirmou o cardeal em seu discurso, tal como correspondeu, há oito anos, ao então cardeal Joseph Ratzinger, antes de virar Bento XVI. "Eu os exorto a se comportarem de maneira digna, com toda humildade, mansidão e paciência, suportando-se reciprocamente com amor, tentando conservar a unidade do espírito por meio do vínculo da paz."

     Os cardeais entraram em procissão, vestidos com os paramentos vermelhos e mitras, no majestoso templo especialmente iluminado para a ocasião, entoando cantos gregorianos. A cerimônia foi acompanhada por fiéis e turistas na Praça de São Pedro em quatro telões gigantes e exibida pela televisão a vários países.

Nomes mais cotados

     Vários nomes são citados como favoritos, todos eles conservadores, como o italiano Angelo Scola e o gaúcho Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, considerado o candidato da cúria e que pode ser o primeiro papa nascido na América Latina. Os cardeais seguiram no início da manhã para a Casa de Santa Marta, a residência dentro do Vaticano na qual ficarão totalmente isolados do resto do mundo antes do conclave.

Despedida dos cardeais pelo Twitter

     Alguns dos cardeais se despediram dos seguidores na rede social Twitter. "Último tuíte antes do conclave: que nosso Pai ouça e responda com amor e misericórdia a todas as orações e sacrifício para um resultado frutífero. Deus nos abençoe!", escreveu o cardeal sul-africano Wilfried Napier.

     Os cardeais se reuniram para uma oração e depois devem seguiram para a Capela Sistina, onde entoaram o hino "Veni Creator Spiritus", que invoca o Espírito Santo para que guie a decisão. A clausura total começou após o grito de "Extra omnes" (Todos fora!), momento em que as pessoas alheias ao conclave deixarão o local e as portas da capela serão fechadas, deixando apenas os cardeais. Os religiosos prestaram juramento de silêncio sobre tudo o que será falado durante o conclave.

O conclave

     Do latim “com chave”, o conclave é fechado. Dele, participam os cardeais com menos de 80 anos. O voto é manual e individual. Os cardeais escrevem à mão, em um papel retangular, o nome do escolhido, e são orientados a disfarçar a letra. O papel é dobrado duas vezes e depositado em urna que fica no altar. Ao fim de cada votação, as cédulas são queimadas em um forno, que é colocado na capela, e a indicação é a fumaça. A fumaça escura é sinal de que não foi escolhido o Papa. Se a fumaça for branca, significa que já há um pontífice. 

     Uma vez escolhido, o eleito diz se aceita e o nome que deseja usar. Ele é reverenciado por cada um dos participantes do encontro. O último ato do conclave é a pergunta que três cardeais fazem ao eleito: "Aceita sua eleição como Sumo Pontífice?". Após a resposta afirmativa, segue outra pergunta, "Quo nomine vis vocari?" ("Como quer ser chamado?"). 

     Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor do Papa alemão, que poderá escolher livremente seu nome, se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se vestir. Costuma ser chamada de "Sala das Lágrimas", já que parece que todos os eleitos, sem exceção, choram ali em relativa intimidade diante da magnitude da responsabilidade que acabam de assumir.

     O anúncio oficial é feito pelo chamado cardeal emérito – o mais antigo entre os presentes. O cardeal anuncia: “Habemus papam”, que em latim significa “temos Papa”. O novo pontífice aparece na varanda da Basílica de São Pedro. 

     Um conclave podia durar semanas, ou até mesmo meses até as primeiras décadas do século XIX. Mas desde então foram drasticamente encurtados e os cardeais que participam deles precisaram apenas de um a quatro dias para eleger um novo Papa.

Fonte: Correio do Povo

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