O veneno é comprado,
injetado no alimento e espalhado pela rua, durante a madrugada. O serviço está
feito, basta aguardar os animais ingerirem a carne, espumarem e, finalmente,
morrerem. Foram mais de 20 cachorros mortos em uma única rua do bairro Santa Rita,
em Passo Fundo, por envenenamento em menos de 24h, entre a madrugada e a tarde
de domingo (3).
Por volta das 2h da
madrugada, um dos moradores da rua José Pinto Demaman encontrou dois cachorros
mortos e começou os enterrar. Ao amanhecer o domingo, outros dez foram
encontrados, alguns ainda espumando. “Eles espumavam pela boca e pelo nariz, o
olho dilatava e os decretos saíam do corpo deles, por mais que fizéssemos
alguma coisa para recuperá-los, era inútil”, diz, indignado, Elton Luiz de
Oliveira, um dos moradores que perdeu três dos seus quatro companheiros.
Conforme relatos dos
moradores, perto das 21h de sábado (2), um veículo foi ouvido passando
vagarosamente pela rua e, em seguida, ouviu-se latidos de cachorros brigando:
os pedaços de carne e ossos envenenados foram disputados com mordidas e latidos
entre os animais. Uma senhora diz ter visto um veículo cinza, passando devagar,
e desconfia ter sido o condutor o autor do crime, mas não sabe de qual veículo
se trata, tampouco viu a placa.
Outros cachorros
morreram sem ter contato com o alimento, apenas lambendo a salivação dos
animais envenenados. “Nós abrimos o portão durante a manhã e meus cachorros
saíram, tinha um morto aqui perto, eles foram cheirar e lamberam a espuma.
Depois entraram e começaram a se bater. Tremeram e suaram por cerca de 5
minutos, depois morreram”, conta Oliveira, que mora há 10 anos no bairro e
nunca havia visto algo parecido.
A família de Oliveira
ficou sem três cachorros e a Mila, uma cadelinha de apenas três meses, sem a mãe.
A pequena que ia ser dada para um aluno da mulher de Oliveira, agora continuará
com eles, suprindo a falta dos demais cães.
Outros moradores
também perderam seus animais, pois não foram somente os animais de rua que
desejaram os pedaços de carne. Ivanel Alves Moreira contou que também perdeu um
dos seus cachorros. Lacy, de 10 anos, se soltou da corrente e participou da
disputa. “Meu marido tinha ganhado ela, era um presente e ficou muito chateado
por perdê-la”, conta.
A população que mora
nas imediações está indignada com o fato, pois, além de muitos moradores
perderem seus animais de estimação, todos cuidavam dos bichos de rua, os
alimentando e dando carinho. “Muitas pessoas costumam soltar os animais aqui
por ser mais retirado, e nós acabamos cuidando”, acrescenta a filha de Ivanel.
Após o choque, a
Brigada Militar foi acionada e compareceu ao local, junto à Equipe Volante da
Polícia Civil. Os policiais registraram a ocorrência e chamaram a Codepas,
empresa responsável pelo recolhimento de animais mortos do município.
Oliveira guardou os
restos dos ossos e carne que encontrou, a fim de levar ao setor responsável
pela análise. “Nós só queremos que quem fez isso, lembre que não colocou em
risco apenas os animais, mas as crianças, que costumam brincar com eles. Esses
bichos não atacam ninguém, não fazem mal para ninguém”, completou Oliveira.
Fonte: O NACIONAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário