Direção da unidade não quis se pronunciar a respeito do caso.
Alessandra começou a
apresentar reações adversas após cirurgia no joelho realizada no Pronto Socorro
Municipal de Cuiabá e acabou não resistindo. (Foto: Adevanir Santana / Arquivo
Pessoal)
Uma adolescente de 15
anos de idade morreu na tarde de domingo (10) após passar por uma cirurgia no
joelho no Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC).
A estudante Alessandra Xavier Matias tinha sofrido uma lesão no joelho na
última sexta-feira e precisava apenas drenar a água que se acumulou no local,
mas seu estado de saúde piorou logo após o procedimento, fato que a família
atribui a suposta negligência por parte dos profissionais que a atenderam na
unidade. A direção do PSMC se recusou a falar com a reportagem sobre o assunto.
Devido a um desnível
no chão em sua casa no Bairro Carumbé, Alessandra sofreu uma queda e lesionou
um dos joelhos na manhã de sexta-feira. A estudante, que cursava o 1° ano do
Ensino Médio, suportou as dores e o inchaço até a noite de sábado, quando seu
pai a levou para o PSMC. Lá, de início o médico responsável afirmou que seria
necessário apenas drenar a água que havia se acumulado no joelho com uma seringa.
Em seguida, requisitou um exame de sangue porque seria necessário, segundo ele,
uma pequena cirurgia.
Logo pela manhã de
domingo, a estudante foi encaminhada para o centro cirúrgico, onde foi operada
por volta das 11h. Segundo o relato do pai, Altair Rodrigues Matias, logo após
o procedimento sua filha saiu lúcida, mas, já no quarto ao lado da sala de
cirurgia, a garota começou a ter acessos de tosse e não conseguiu comer as
frutas que o pai lhe comprou. Uma enfermeira transferiu a garota às 14h para o
repouso, onde ela continuou a apresentar reações como tosse e palidez até que
vomitou sangue.
Segundo Altair,
imediatamente Alessandra foi transferida para a unidade de terapia intensiva
(UTI), onde sofreu um infarto. “Minha filha já chegou enfartando. Aí tentaram
reanimá-la, mas não conseguiram”, conta.
Causa desconhecida
“Eu acho que houve
negligência, não houve?”, revolta-se o pai, lembrando que, desde que Alessandra
saiu da sala de cirurgia, nenhum enfermeiro ou médico manteve-se a postos para
acompanhar a garota, cujas tosses consideravam “normais” quando questionados.
“Eu falei com a
enfermeira que falou que ela teve um probleminha e estava na sala de
emergência. Eu desci, vim correndo. Quando eu cheguei lá, enquanto não falei
que ia quebrar a porta, aí que veio o médico e falou que ela tinha morrido.
Eles vieram falar era umas 20h, ela deve ter umas 19h”, relata a mãe, Geny
Xavier, que falou com a filha pela última vez por telefone às 13h.
“Como que ela vai pra
lá só com um negócio no joelho e morre?”, revolta-se Geny, lembrando que, na
declaração de óbito expedida logo após o falecimento da filha, a causa da morte
apontada é “desconhecida”. A família registrou um boletim de ocorrência na
polícia logo após a morte de Alessandra.
“Ela ficou dois dias
na casa do pai só sentindo dor e não aconteceu nada de mais com ela. Só foi ir
para lá que ficou assim e aconteceu essa tragédia”, conta, revoltado, o
namorado da estudante, Adevanir Santana Farias, de 18 anos. Durante o velório
da garota, ele ainda lembrou que os médicos falharam ao verificar se a
adolescente sofria de alguma alergia a substâncias anestésicas que lhe foram
aplicadas antes da cirurgia, uma vez que a mãe de Alessandra sofre de mal
parecido e muito provavelmente a filha também teria restrição a algum
medicamento aplicado sem a devida averiguação. O pai da estudante também
recorda que um médico chegou a lhe perguntar se a filha sofria de alguma
alergia, ao que ele respondeu que ela mesma deveria ser consultada.
“Não tem motivo pra
essa menina ter morrido por causa de uma cirurgia no joelho. A gente acredita
que isso aí foi negligência. Não podia ter acontecido. Faltou cuidado e amor ao
próximo por parte desses médicos, e aí ficou esse sofrimento para a família”,
conta o tio Wilson Rosa de Castro, a quem foi negado ver o corpo da sobrinha na
saída do PSMC antes de ir para o Instituto Médico Legal (IML), que deve
conduzir exames complementares para apurar a causa da morte.
O corpo de Alessandra
foi velado na tarde desta segunda-feira (11) na sede da Associação de Moradores
do Bairro Bela Vista. Logo, seria sepultada no cemitério São Gonçalo.
Procurada, a direção do PSMC se recusou a dar qualquer pronunciamento sobre o
caso à reportagem do G1.
A presidente do
Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM), Dalva Alves das Neves,
informou que em casos como o da estudante, basta o episódio ser noticiado pela
imprensa ou remetido em forma de denúncia para que seja investigado e, na
sequência, seja apurada a conduta dos profissionais envolvidos.
Fonte:
Renê Dióz | Do G1 MT
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