terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Escola proíbe saia e short após alunas irem à escola como 'periguete' em Sorriso/MT

Escola com 1.200 alunos está localizada na cidade de Sorriso, região Norte.
Diretora diz que alunas estavam indo à aula com roupas curtas e salto alto.
Escola está localizada em região de periferia de Sorriso (Foto: MT Notícias)
   Escola está localizada em região de periferia de Sorriso
   (Foto: MT Notícias)


     Alunas de uma escola estadual no município de Sorriso, na região Norte do estado, a 420 km de Cuiabá, foram impedidas de entrar na sala de aula nesta terça-feira (19) porque usavam saias, shorts e sapato alto. Elas tiveram que voltar para casa e, somente depois de trocar de roupa, conseguiram a liberação para assistirem às aulas. “Eram mini-saias, mini-shorts, como se estivessem indo para a balada. O tipo de vestimenta é totalmente impróprio e tem gerado muitos problemas nas classes”, declarou a diretora da Escola Estadual Ignácio Schevinski, Shirlei Aparecida Melo Faria, em entrevista ao G1.

     Como novo regimento interno da unidade neste ano, ela proibiu às alunas o uso de saias e shorts na escola por conta dos “abusos” nas vestimentas das roupas curtas que, segundo a diretora, foi a melhor alternativa encontrada para evitar que as próprias estudantes deixem de ser classificadas como “periguetes”. Dessa forma, os estudantes podem apenas usar calças.

     "Pela escola estar localizada em um bairro periférico já sofremos muita discriminação. Estamos tentando criar uma identidade e sermos respeitados. Não queremos que as alunas sofram preconceito ou sejam rotuladas de periguetes, como já podemos observar que está ocorrendo. Com uma imagem negativa, os alunos só têm a perder", avaliou.

     A diretora explica que a decisão foi tomada em conjunto com o Conselho Deliberativo, em que participam os pais dos estudantes e a comunidade, após verificar que muitas reclamações também partiam dos próprios pais dos alunos. Shirlei Aparecida declarou também que no último ano foi liberado o uso das saias mais compridas e bermudas, o que, conforme ela, não foi obedecido.

     “Até tentamos evitar a proibição, mas temos casos aqui que as próprias alunas saem de casa com um tipo de roupa e dentro da escola trocam a vestimenta. Mas nenhum aluno deixará de assistir à aula por causa disso. Eles vão ser notificados, trocam de roupa e entram na sala de aula. O regimento está sendo avisado desde o final do ano passado, na matrícula, rematrícula e ninguém pode dizer que não sabia da determinação”, pontuou a diretora, que atua no cargo há dois anos.

     Uma alternativa elaborada pela escola é a confecção de calça em tecido que servirá como uniforme padrão. Shirlei contou que o valor da calça será de R$ 35 e os alunos terão o prazo de três meses para se adequarem ao uniforme. No entanto, conforme ela, o uso da calça não será obrigatório e nenhum aluno será impedido de entrar na escola, caso não compre a peça.

     A escola possui 1.200 alunos, com idade entre 12 e 20 anos, que estudam nos três períodos do dia. Ela está localizada no Bairro Novos Campos, região de periferia. Uma das problemáticas que a nova regra está gerando é com os estudantes evangélicos, que fazem parte de igrejas que vedam o uso de calça para mulheres.

     Na tentativa de sanar a questão, a diretora Shirlei Aparecida  disse que deverá realizar uma reunião nesta quarta-feira (20) com os estudantes e pais que são evangélicos para que o assunto seja discutido. “Não vai ser proibido para eles o uso da vestimenta. Mas a intenção é deixá-los cientes do regimento e ainda assinarem um termo de responsabilidade com os filhos sobre as roupas”, frisou.

     Outras escolas da região também estão adotando a mesma regra, com o objetivo de impedir que as estudantes sejam discriminadas dentro da própria escola e para evitar problemas entre os próprios alunos.

Fonte: Kelly Martins | Do G1 MT

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