sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Salva-vidas mulheres são exemplo de que coragem independe de gênero

Elas também levam beleza e charme à beira da praia

   Cássia e Vânia atuam em Xangri-Lá
   Crédito: Vinícius Roratto

     Elas dão um toque de beleza às guaritas, fazendo muito veranista querer reviver a cena do seriado de TV "Baywatch", em que Pamela Anderson vem correndo para salvar um banhista prestes a se afogar. As salva-vidas femininas, participantes da 43ª Operação Golfinho, representam 9,7% do total destes profissionais (10 de 103), atuando de Torres a Tavares, um dos maiores contingentes desta ação, desde que começou a admitir mulheres, em 2001. E elas enfrentam os perigos da profissão com a mesma coragem dos seus colegas do sexo masculino.

     A pioneira a desbravar esse universo foi a soldado Vânia De Nale. Em sua 13 temporada, ela lembra com humor a primeira vez em que subiu em uma guarita, em Xangri-Lá, em 2001. "O início foi difícil, pois não havia outra mulher a não ser eu", recorda. Vânia não só conseguiu, como acabou incentivando outras colegas a tentarem. "Sinto orgulho, pois mais colegas querem trabalhar como salva-vidas", afirma. "E saber que fui eu quem começou tudo isso."

     Cássia Priscila Pitthan Lírio, 26 anos, seguiu os passos de Vânia. Em sua 5 temporada na Golfinho, ela considera clichê a afirmação de que mulher é "o sexo frágil". Ela lembra que o treinamento é feito junto com os homens e, isso por si só, é uma questão de superação. Vaidade? Apenas dentro do padrão militar: um brinco pequeno, um batom leve e o cabelo preso. "Mas, mesmo assim, já levei cantada, mas tudo com respeito", conta. "Dizem que vão se afogar para eu salvar, coisa deste tipo", revela, não escondendo um sorriso.

Timidez dá lugar à coragem nas águas

     Na guarita 162, em Nova Tramandaí, uma garota tímida também chama a atenção dos veranistas. Caroline Maria dos Santos está em sua terceira temporada na Operação Golfinho, mas já atua como veterana. Natural de Terra de Areia, ela não esconde a timidez. Porém, quando o assunto é salvamento, a coragem e o profissionalismo se destacam.

     Incentivada pelo tio, o sargento da reserva Cláudio Vieira, também salva-vidas, ela começou a treinar com afinco, até ser aceita na Golfinho. Casada com um salva-vidas, ela afirma gostar de nadar e correr, requisitos básicos para autuar em salvamentos. "O treinamento é o mesmo", ressalta. "Além disso, a vítima não quer saber se é um homem ou uma mulher que irá lhe salvar", completa Caroline.

     Quando aos colegas homens, Caroline afirma não ter sofrido nenhum tipo de preconceito. O mesmo não pode dizer de alguns veranistas. Porém, com seriedade e esforço, ela foi se impondo. Porém, as "cantadas" de alguns mais afoitos são inevitáveis, algo encarado com bom humor. "Alguns falam algumas bobagens, mas tudo dentro do limite", acentua. "E, eu vou procurando aprender com os veteranos", resume a tímida Caroline.

 
   Tímida, Caroline dos Santos já está em sua terceira temporada na Operação Golfinho
   Crédito: Vinícius Roratto

"A mentalidade das pessoas está mudando"

     A mentalidade das pessoas está mudando e o preconceito está diminuindo. Está é a interpretação da soldado Carla Rodrigues Avozani, 25 anos. Ela lembra o início da carreira como salva-vidas, há três anos, quando as pessoas passavam pela guarita onde estava e subestimavam a sua capacidade. "Os veranistas passavam e diziam, me olhando, aquela pessoa é muito grande ou gorda, como essa guria vai conseguir salvá-la?", relembra. 

     "Quando eles precisam, acabam dando o devido valor", comenta a salva-vidas da guarita 132 de Imbé. Assim também era com colegas de profissão. Muitos, lembra Carla, não queriam fazer dupla nas guaritas com uma mulher. Atualmente, isso está mudando e as pessoas estão se dando conta que as mulheres conseguem também fazer salvamentos. "Esquecem que na água tudo flutua e nós temos a técnica para resgatar", salienta.

     Três guaritas depois, está Roberta Caumo, 31. Formada em Direito, ela pretende fazer o curso para oficial. Ela afirma não ter sentido preconceitos, tanto dos veranistas como dos colegas. "A maioria das pessoas dá força", garante. "Muitas mulheres elogiam o fato de eu estar atuando como salva-vidas", relata.

     Colega de Roberta, na guarita 129, o salva-vidas civil Gabriel Marques Nunes diz que a dedicação e atenção ao trabalho são iguais para ambos os sexos, e o serviço é feito com a mesma qualidade. "Se elas estão aqui é porque merecem e têm condições", atesta. Também atuam no Litoral Norte na Operação Golfinho as salva-vidas Ana Maria Mizael, em Torres, Daphne Liberato e Karine König, em Cidreira, Mariana Riella, em Tramandaí, e a salva-vidas civil Mariana De Bem, em Imbé.

Fonte: Paulo Roberto Tavares / Correio do Povo

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