quinta-feira, 10 de maio de 2012

Irregularidades são investigadas no Hospital de Caridade de Três Passos

     Uma intervenção temporária no Hospital de Caridade de Três Passos, no noroeste do Estado, foi decretada na segunda-feira pelo prefeito Cleri Camilotti (PTB). A partir da medida, foi destituída a diretoria da entidade. A decisão se dá depois do início de uma investigação de fraude e desvio de dinheiro.

     Apuração do Ministério Público (MP) aponta que irregularidades estariam ocorrendo há seis anos, com suspeita de envolvimento de um membro da diretoria e de dois contratados do hospital. Um comitê gestor, formado por funcionários do hospital, médicos do corpo clínico e servidores municipais, foi designado para assumir a administração por 180 dias. O comitê deve dar condições para que se mantenha o atendimento à comunidade. Além disso, criará um novo estatuto para o hospital e elegerá nova diretoria.

     — A ideia é abrir as contas para facilitar o trabalho dos órgãos interessados em esclarecer a situação — afirma Camilotti.

     A suspeita é de que empresas da região forneciam notas fiscais em branco nas quais eram lançados bens nunca adquiridos pelo hospital. O ex-presidente Armindo Leonhardt renunciou ao cargo na semana passada, assim que o caso veio a público. O administrador Jeferson Gomes de Oliveira teve o contrato rescindido pela diretoria. Também está sendo investigado Amarildo Dall'Ago, antigo administrador do hospital. Ele prestava assessoria à entidade e teve o contrato suspenso.

     Uma equipe do Ministério Público foi designada exclusivamente para o caso. Desde sexta-feira passada, triplicou o número de pessoas dispostas a testemunhar. Segundo a promotora Aline Stefanello Segnor, pelo menos quatro empresas estariam envolvidas.

     — Ainda temos muito trabalho pela frente. É possível que aumente o número de envolvidos. Por enquanto, acreditamos que os demais integrantes da direção do hospital desconheciam o esquema — diz a promotora. 

     O Hospital de Caridade de Três Passos é uma associação privada que recebe recursos dos municípios da região Celeiro, do Estado e da União. Do governo federal, seriam repassados, ao mês, pelo menos, R$ 300 mil. Das demais esferas viriam outros R$ 500 mil mensais. Como o caso envolve verbas da União, o Ministério Público Federal será comunicado sobre o andamento do trabalho e a Polícia Federal deve auxiliar nas investigações.

     Antes de a diretoria ser destituída da entidade, o até então vice-presidente da associação hospitalar, Valcídio Reinheimer, afirmou estar surpreso com as revelações do Ministério Público:

     — Jamais imaginamos que pudesse haver qualquer irregularidade. É lamentável.

Contraponto

     O ex-presidente Armindo Leonhardt, o ex-administrador Jeferson Gomes de Oliveira e o ex-assessor Amarildo Dall'Ago não foram localizados por Zero Hora, que tentou contato por telefone.

Fonte: Juliana Gomes / ZERO HORA

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