segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Governo da Bolívia diz que ataque a indígenas pretendia evitar conflitos

     O ministro do Interior da Bolívia, Sacha Llorenti, justificou nesta segunda-feira a repressão feita a uma marcha indígena no domingo, afirmando que a medida foi tomada para "evitar" conflitos entre a população.
     Ele declarou que a intervenção policial foi ordenada "para garantir a segurança" diante da possibilidade de enfrentamentos com fazendeiros que haviam interditado a passagem da mobilização na altura da cidade de Yucumo, localizada 380 quilômetros a noroeste da capital La Paz.
     Segundo Llorenti, a força policial tinha "ordens precisas" de atuar "no marco das normas constitucionais e legais" e, "se houve algum hipotético excesso [de força]", o caso será investigado e punido.
     O ministro reiterou que "lamentavelmente" a marcha de indígenas contra a construção de uma estrada que atravessará a maior reserva natural do país adquiriu altos níveis de "violência".
     No último domingo, cerca de 500 policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra indígenas acampados nas proximidades de Yucumo.
     Segundo informações da imprensa local, as forças policiais feriram e prenderam diversas pessoas durante a operação.
     A ministra da Defesa da Bolívia, Cecilia Chacón, renunciou ao cargo após o episódio. Ela afirmou que não concorda com esta "medida de intervenção" e que não pode "defendê-la ou justificá-la" enquanto não existirem alternativas "no marco do diálogo, do respeito aos direitos humanos, da não violência e da defesa da mãe terra".

PROTESTOS

     Em toda a Bolívia estão sendo registrados protestos em rechaço às medidas tomadas pelo governo de Evo Morales contra a mobilização indígena, que é composta por cerca de duas mil pessoas.
     Na cidade de Rurrenabaque, por exemplo, parte da população interditou a pista de aviões do município para evitar que as pessoas detidas durante o confronto de domingo fossem levadas a La Paz.
     Morales, por sua vez, anunciou que será feito um referendo para decidir sobre o destino da estrada. O presidente, no entanto, afirmou em ocasiões anteriores que não discutiria sobre o assunto.
     Em 15 de agosto, os indígenas iniciaram uma marcha de Trinidad a La Paz em rechaço à construção da segunda parte da rodovia Villa Tunari-San Ignácio de Moxos, que corta ao meio o Parque Nacional Isiboro Sécure.
     As obras são realizadas pela empresa brasileira OAS, financiada pelo também brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

Fonte: FOLHA.com, com informações DA ANSA, EM LA PAZ

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